Joga por diversão, Com moderação | 18+ | Patrocidado

A temporada de Kamilla Cardoso na WNBA poderia ser ainda melhor

por Matheus Oliveira | por Matheus Oliveira

image A temporada de Kamilla Cardoso na WNBA poderia ser ainda melhor
Uma das maiores sensações do basquete brasileiro nos últimos anos, a pivô Kamilla Cardoso faz seus últimos jogos em sua temporada de estreia na WNBA, mas seus números poderiam ser ainda mais impressionantes.

A temporada de Kamilla Cardoso 

A pivô brasileira Kamilla Cardoso chegou nesta temporada à WNBA, onde, após se tornar bicampeã da NCAA, a liga de basquete universitário dos Estados Unidos, e ser escolhida como a melhor jogadora da final contra Iowa, acabou sendo selecionada pelo Chicago Sky na terceira posição do draft, chamando muita atenção de todos os fãs de basquete.

No entanto, no início de sua temporada de estreia na WNBA, a pivô brasileira não pôde jogar devido à recuperação de uma lesão, fazendo com que as atenções da equipe se voltassem para outra novata, a estadunidense Angel Reese, que será o foco de boa parte da nossa argumentação.

Não se esqueça: se você é fã do esporte, não deixe de conferir as nossas previsões de basquete geral bem como as nossas previsões para a NBB

Receba seu bônus de boas-vindas

Preferência da equipe por Angel Reese

Angel Reese - Basquete

Antes de qualquer coisa, é importante salientar que a WNBA conta com as melhores jogadoras do mundo, ou seja, não há jogadoras ruins, todas são excelentes. No entanto, como são as melhores, sempre há aquelas que se destacam em relação às demais. Este texto não tem a intenção de diminuir o feito ou a atuação de qualquer atleta, apenas apresentar alguns fatos e números para embasar determinados argumentos e cenários.

Recentemente, Angel Reese se lesionou e ficará fora da equipe pelo restante da temporada. No entanto, antes da lesão da jogadora estadunidense, Kamilla Cardoso tinha o quinto melhor aproveitamento de toda a liga, com um Field Goal de 52,9. Para quem não está habituado ao termo, Field Goal é a média de todos os arremessos de quadra, sejam de 2 ou 3 pontos, desconsiderando os lances livres. Ou seja, ela está atrás apenas de nomes como Brittney Griner, Teaira McCowan, Jonquel Jones e Brionna Jones, e à frente de jogadoras como A'ja Wilson, Aliyah Boston e todas as demais.

Uma consideração interessante é que o Field Goal é sempre maior para pivôs e alas-pivôs, afinal, essas atletas jogam mais próximas ao aro e, por isso, erram menos do que as demais. Dito isso, Angel Reese, que também joga próximo ao aro, possui um aproveitamento de 39,1, menor que o de jogadoras que atuam mais afastadas do aro, como Caitlin Clark, Kelsey Plum, Sabrina Ionescu e até mesmo Marina Mabrey, a arremessadora que foi trocada pelo próprio Sky durante a pausa para as Olimpíadas, que tem um Field Goal de 40,0.

Com essas métricas em mente, chegamos a outro número: o Usage Rate, que é uma métrica que estima a porcentagem de posse de bola de um jogador durante um jogo, ou seja, o quanto ele é utilizado. Como base de comparação, quem assistiu às Olimpíadas pôde observar como a francesa Gabby Williams dominava a pontuação, algo que ela não faz no Seattle Storm. Isso não significa que ela joga melhor pela França do que pelo Storm; ela apenas tinha um Usage Rate muito maior e, como era mais envolvida nas jogadas, sua pontuação era significativamente maior.

Receba seu bônus de boas-vindas

Esse fenômeno é comum em confrontos de seleções, onde algumas atletas aparentam jogar melhor por seus países. Na verdade, elas são apenas mais utilizadas em suas seleções do que em seus times, já que estamos falando das melhores atletas do mundo. Ou seja, se você der mais a bola a elas, obterá um bom desempenho.

Dito isso, vamos ao Usage Rate do Chicago Sky. Angel Reese possui um Usage Rate de 21,5, ou seja, ela está envolvida em 21,5% das posses de bola quando está em quadra, ficando atrás apenas de Chennedy Carter, que tem 28,1, e Kysre Gondrezick, com 23,8, visto que ambas são armadoras. A ala Isabelle Harrison é a quarta da lista, com 21,3; Diamond DeShields é a quinta, com 19,6; Dana Evans, a sexta, com 18,6; Michaela Onyenwere, a sétima, com 18,0; Elizabeth Williams, a oitava, com 16,6; Rachel Banham é a nona, com 16,6; e então Kamilla Cardoso aparece com o décimo maior percentual de Usage Rate da equipe, com 15,6.

Observe que até mesmo alas e pivôs reservas possuem um Usage Rate maior que o de Kamilla, evidenciando dois aspectos interessantes: a brasileira, que possui o quinto melhor aproveitamento de toda a liga, é a décima jogadora de sua própria equipe que menos recebe a bola. Isso seria normal em uma equipe que prioriza o arremesso do perímetro e não joga muito no garrafão, o que não é o caso, dado que o Usage Rate de Reese é o terceiro maior da equipe, mesmo com o 49º melhor aproveitamento da liga — como já vimos, pior do que o de jogadoras que utilizam mais o arremesso, incluindo uma armadora que foi trocada pelo próprio Sky.

Mais uma vez lembrando que estes eram os números da equipe antes da lesão de Reese, e que tendem a mudar devido ao impacto da jogadora na estrutura da equipe.

Receba seu bônus de boas-vindas

Mas por que Kamilla Cardoso é tão menos utilizada que Angel Reese?

Basquete - Kamilla Cardoso

Não há como saber ao certo por que a pivô brasileira é tão subutilizada em comparação à atleta dos Estados Unidos. Afinal, isso não é um assunto abordado abertamente pela equipe. No entanto, dados os números apresentados, existem algumas possibilidades e especulações:

Kamilla pode simplesmente não estar sendo envolvida nas jogadas da equipe por uma estratégia voltada ao draft, onde ficar fora dos playoffs renderia uma boa escolha em 2025, em um draft com muitas armadoras tidas como excelentes, uma posição na qual a equipe está carente. De forma otimista, acho que esse seja o caso.Outra opção seria uma espécie de "boicote" das companheiras, que preferem envolver Angel no ataque, seja por uma instrução da comissão técnica, para destacar Reese na disputa pelo prêmio de Novata do Ano, ou por qualquer outro motivo que não precisa ser necessariamente um problema pessoal.

Por fim, a terceira opção seria a treinadora Teresa Weatherspoon, que opta por não desgastar tanto a brasileira nas jogadas ofensivas para obter um melhor desempenho defensivo. Porém, a própria treinadora já disse em entrevistas que gostaria que o time envolvesse mais Kamilla nas jogadas de ataque, o que torna essa opção mais ambígua.

Com isso, podemos ter em mente um fato claro: com o aproveitamento de Kamilla Cardoso, caso ela fosse mais envolvida nas jogadas ofensivas da equipe, associado ao seu grande desempenho defensivo, estaríamos falando de uma temporada simplesmente brilhante, com números ainda mais impressionantes e possivelmente especulada na disputa pelo prêmio de Novata do Ano, ainda que Caitlin Clark não tenha deixado dúvidas sobre sua indicação ao final da temporada regular.

Receba seu bônus de boas-vindas